Eu sei no que estás a pensar. Podes achar presunção da minha parte mas, a verdade, é que sei mesmo. E sei porque te conheço. Porque te observo atenta e cuidadosamente. Consigo saber o que pensas decifrando o teu corpo.
Ficas em silêncio. Fixas os olhos no infinito, concentrado nos teus pensamentos. Deixas de abanar a perna. Deixas de pestanejar compulsivamente. Fechas-te.
No entanto, nunca sei o que sentes.
Para isso teria de te tocar e esse acesso está-me vedado. Teria de sentir a tua pulsação, ler com o meu corpo o que não me dizes sentir.
Não te preocupes, essa é uma incapacidade minha.
Os sentimentos.
Nunca sou capaz de saber o que sinto em tempo útil. Vou até onde eles me levam e perco-me neles.
Aqui entre nós, é assim que eu gosto.
Nunca percebi aquelas pessoas que, ao se depararem com uma refeição deliciosa, se perdem a tentar descobrir que condimentos estão presentes, em vez de se deixarem levar pelo que estão a saborear.
Eu não quero saber o nome dos condimentos, só quero senti-los e que eles me levem. Onde quiserem.
Sabes bem que não te vou responder a essa pergunta. Não o vou fazer porque é desnecessário. Tu sabes. Tens a resposta dentro de ti. Assim que te recusares a pensar nela e te permitires senti-la, ela aparecerá.
Tanto tempo e tu continuas sem fazer a menor ideia de quem sou…
Deixa. Não faz mal. Eu também não faço…
Sem comentários:
Enviar um comentário