a rapariga cortada ao meio

Há uma parte de mim que só pede para te esquecer e seguir a vida dela. Como não consegue, volta-se contra ti. Tenta magoar-te. Tenta infligir-te a dor que lhe provocas: por não estares com ela, por a deixares sozinha, por não te conseguir esquecer, por te ter deixado entrar e tu usares isso para a magoares. Que te ama mas que não te quer.

Há outra parte de mim que te continua tão fiel como sempre foi. Que espera por ti, que acredita que tu vais voltar. Que escolhe continuar a amar-te apesar de já não te reconhecer. Que acredita em ti, chama por ti, te deseja, que te quer, a ti e mais ninguém.

Eu fico no meio das duas, sem saber no que acreditar ou o que fazer. Dividida, cortada ao meio. E sou eu quem mais sofre.

No outro dia sonhei que te encontrei. Não fazes ideia do que senti. Parecias-me tu mas não eras. Alguém muito parecido. O sorriso enganava de tão semelhante que era. Mas o olhar era muito diferente. Quase um estranho. Procurei-te, olhei bem fundo a ver se te encontrava. Pareceu-me ver-te, longe, bem pequeno. Mas talvez tenha sido só esta minha propensão para acreditar sempre em ti e em mim.

Já não sei quem és ou o que pretendes de mim.
Não sei no que acreditar e sinto-me desesperar por isso.

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