É engraçado como as coisas acontecem na vida. Como elas aparecem e quando aparecem. Como desaparecem... Ops, texto errado!
Andava eu sossegadinha na minha vida, absorta pela minha crise existencial, a adaptar-me à nova doença que adoptei – o autismo, a rir-me sozinha na sala de espera do dentista dos olhos bonitos a ler “Pura Anarquia” do meu querido e genial Woody, decidida a portar-me bem durante os próximos tempos, quando dou com dois olhos azuis a fitarem-me descaradamente num jantar do tipo “traz um amigo também”.
Como me é característico, pus logo o meu ar empertigado e altivo, do género “não vem que não tem”/”vou portar-me bem nos próximos tempos”. Mas palavra puxa palavra e o álcool puxa carradas delas.
A cada tiro, cada melro. Desta vez, o génio da lâmpada mágica tinha acertado em tudo: gosto musical, séries preferidas, género de cinema, tempos livres, inteligência, sentido de humor refinado e sagaz… Quando dei por ela, as restantes 15 pessoas presentes à mesa, tinham desaparecido misteriosamente. Já não havia menina para mais ninguém.
Depois do jantar, a malta jovem decidiu levar a cabo o habitual périplo pelos antros da cidade.
A esta altura, aqui a vossa amiga já ia em velocidade cruzeiro, tipo esponja Vileda. Ora, já se sabe que quando atinjo este estado, fico ligada à corrente e que ninguém me pára. Ainda por cima, se havia noite em que toda a gente saiu à rua, essa foi a noite. Tipo salta-pocinhas: beberiquei com estes, falei com aqueles, ri com os outros. Ainda assim, consegui dar alguma atenção aqueles olhos azuis e mostrar-lhe o meu lado intelectual, dando-lhe a conhecer o meu discurso sobre estereótipos; o meu lado simpático, sorrindo constantemente como é da praxe; e até um cheirinho do meu lado sensível e atencioso. Era para o deixar de sobreaviso que o meu lado docinho aguarda cirurgia plástica nos cuidados intensivos do Hospital da Prelada, depois de uma prolongada exposição aos raios UVA e UVB dos afectos, tendo sofrido uma insolação. Que é como quem diz, está todo queimadinho. Os médicos dizem que ficará como novo não tarda nada mas que não convém arriscar e, por isso, aconselha a que se mantenha afastado destas lides nos próximos tempos.
Não sei como, e ele não me diz, aquela criaturinha conseguiu sacar o meu número de telemóvel junto de um traidor qualquer que se faz passar por meu amigo. E, desde esse dia que me inunda a memória do meu topo de gama Motorola, com mensagens.
Eu pedia encarecidamente ao iluminado que lhe passou a combinação secreta de 9 dígitos, que lhe fizesse saber que eu não suporto trocar mensagem e que estou a ficar um bocadinho farta. Estou a ver o potencial todo a desaparecer a olhos vistos, o que é uma pena. E, já agora, se não for muito transtorno, digam-lhe que nem lhe passe pela cabeça convidar-me para jantar fora. Eu sei que ele tem capacidade para mais. Que a use!...
Que fique registado em acta que eu não fiz nada. Eu estava sossegadinha na minha vida. Mas, provocam-me!...
PS – Meu querido génio da lâmpada mágica, não havia lá esta versão um bocadinho mais tostada?...
2 comentários:
ahahahahaha (para o teu PS) ;PPP
és terrível! Mas pronto, admites que há jogo, então não te queixes, joga! ;)
Há pessoas com sorte... tou a ver q quem perdeu no jogo ainda fui eu, contudo, estarei no Porto para no próximo fim de semana e na Sexta estava a pensar convidar-te para jantar, má ideia? Péssima?
Não tenho olhos azuis mas penso ser bom rapaz... e, imagina tu, até sou grande fã do Woody.
Beijos
Nuno.
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