Não me acordes se não podes ficar.
Já te pedi isso...
Vens, acordas-me, vais embora, deixas-me sozinha, desperta a pensar em ti.
Eu não te acordo quando te visito.
Faço-o silenciosamente, com cuidado, para que não dês por mim.
Porque me acordas?
Se eu pudesse seguia-te para todo o lado.
Mas eu não posso sair daqui. Estou refém. Não te posso seguir.
Tu sabes disso e, no entanto, teimas em me acordar.
Depois vais embora e deixas-me acordada, sem conseguir voltar a adormecer.
Primeiro a tristeza, a saudade. Depois o inconformismo e a ira.
Eventualmente, o arrependimento. Até à calma.
A muito custo, volto a adormecer.
Tu voltas a aparecer e a acordar-me.
Porque me fazes isso se sabes que não podes ficar?
Podias levar-me contigo...
Vinhas, olhavas bem fundo nos meus olhos, estendias-me a mão.
Prometias jamais mentir-me ou enganar-me.
Eu devolvia-te o sorriso, dava-te a minha mão.
Eu prometia nunca mais largar, acontecendo o que acontecesse.
Mas tu também não me podes levar, pois não?
Então, não me acordes.
Quando tiveres saudades minhas, faz como eu.
Visita-me à noite, em silêncio, com cuidado, para não me acordares.
Peço-te: não me acordes!
Se não vens para me levar ou para ficar, por favor, deixa-me dormir.
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